Faça a Coisa Certa, seja Antirracista
Faça a Coisa Certa (1989) (Do the Right Thing)
Por Lucas
Tavares
DIREÇÃO: Spike Lee
ELENCO: Danny Aiello, Ossie Davis, Ruby Dee, Giancarlo Esposito, Spike Lee, Bill Nunn, John Turturro, Rosie Perez
ROTEIRO: Spike Lee
PRODUÇÃO: Spike Lee
MÚSICA: Bill Lee
FOTOGRAFIA: Ernest Dickerson
MONTAGEM: Barry Alexander Brown
DIREÇÃO DE ARTE: Wynn Thomas
NOTA: 9,5
Filosofia. Esse filme é arte. Pura arte. Dialética. Dialética entre Malcom
X e Martin Luther King. Dialética entre o Amor e o Ódio. Obra Prima.
Um filme que trata de discriminação, racismo, teoria na prática, conflito
de raças, dicotomia, arte pura.
Não tenho palavras, mas é um filme para ser visto mais de uma vez.
Detalhes imprescindíveis e impressionantes. Fiquei fixado na tela por todo o filme
- é perfeito.
Reprodução de conflitos permanentes em ambientes polarizados racialmente.
Make the right thing. O que é fazer a coisa certa? Pelo ódio ou pelo amor? Como
fazer diante dessa estrutura social segregada? Em um ambiente de calor extremo,
uma temperatura alta que está prestes a explodir.
O cenário retratado é de causar angústia. É a junção teórica e epistemológica
- e até psicanalítica - da decolonialidade, luta antirracista pela justiça
social, paz, olho por olho, causas.
É uma obra prima de Spike Lee. Fight de Power de Public Enemie
entrelaçando todo filme, a rádio.
O filme é fechado, completo, e que melhor vi retratar a filosofia de
Malcom e Martin, com contribuições claras de Bayard.
A presença de somente carcamanos em uma pizzaria de carcamanos em um
bairro negro do Brooklyn e o boicote de negros por tal realidade incide em um
conflito que, além de destruir a pizzaria, mata um homem que enfrentava o
racismo, não com conscientização, mas com embate, violência, arrogância.
Palavras de Fred Hampton: "Não se combate racismo com mais racismo,
mas com solidariedade. Não se combate capitalismo com capitalismo negro, mas
com socialismo."
O discurso nos créditos demonstra a realidade da luta antirracista
dicotômica entre Malcom e Martin, duas visões diferentes, presentes como soco
inglês nas mãos de Radio, morto pela polícia por tentar matar o carcamano por
ter destruído seu rádio após um confronto.
Uma injeção de ódio, codificada de antirracismo, gerou morte. "Qual o
problema de uma pizzaria de italianos em um bairro negro? Qual o problema de
uma venda coreana em um bairro negro?".
O racismo internalizado nos próprios negros, que querem dominar o mundo,
mas se sentem o problema e ao verem os outros povos tomarem conta de seu bairro
enfurecem e visam o enfrentamento direto sem transformar a realidade,
realizando a concorrência.
Uma violência, um "fight the power" sem alteração na própria
consciência, ou quando ascende socialmente opera o discurso meritocrático e
continua no discurso burguês.
O filme opera o axioma do racismo e da discriminação presente na
miscigenação de comércios em um bairro de cor específica. Não entendem que a
própria determinação de um bairro de raça opera como segregação. A legítima
defesa não pode operar dessa forma, mas com o antagonismo direto ao
antagonismo. Dialética. Outro fator aparente é o da crise do aquecimento
global, metáfora também para a explosão da dialética. Porém, também precisa
entender a presença do aquecimento global na materialidade. O filme é filosofia,
é arte. Tenho muito mais para falar, mas estou tão impressionado com o filme
que as palavras não me aparecem e somente vislumbro fascínio ao Spike.
Obra prima.
Trecho do filme que melhor demonstra o antagonismo racial retratado entre italianos e negros:


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